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17/10/2017

VI Cartas a Sofia

Querida Sofia,

Os dias sabem a canja, bolo de cenoura e conversas à média luz na cave da parada.
As palavras são cozidas em lume brando, sem pressas e mexendo periodicamente para não queimar.
Os sonhos são servidos, a surpresa dos mecanismos mundanos surgem à mesa e desejamos desfiá-los, desmontar os paradigmas que não nos servem.
E quando a sede vier, um chá servido a preceito ou uma limonada adocicada com lima.
Haverá refeição mais bonita que esta de degustar a amizade partilhada, este carinho doce que acaba com a fome das saudades.

Que venham mais noites eternas para transformar o tempo... Obrigada.

EXPLICAÇÃO DA ETERNIDADE de José Luís Peixoto

"devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim."

E a música que parece eterna quando no final da aula de Yoga Suspenso relaxo e o tempo dilata: Ong Namo - Snatam Kaur

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